terça-feira, 30 de setembro de 2008

Ouvidos nas paredes

Sempre soube que não se deve ouvir conversa dos outros pela extensão do telefone. Mas sejamos sinceros, quem nunca fez isso?
Pois, é. Eu também já fiz...e aliás isso foi outro dia, não faz nem uma semana.
Acontece que nessa casa, quando o danado do telefone começa a berrar só uma pessoa pode atender. Essa pessoa sou eu. Na verdade eu não devia falar em direito, o caso aqui é de dever. Não adianta, a pessoa pode estar do ladinho do aparelho que lá tenho eu que me desembestar da cozinha, e pegar o telefone antes que a pessoa do outro lado desista. E quando não consigo vem logo uma agulhada. O Maria, ta distraída hein moça...
Eu fico pra matar o sujeito que profere estas falas, mas me acanho, sempre. Quer dizer, às vezes eu me saio com umas boas. “São muitos afazeres também num é seu senhor?!” Ele fica sem argumento. Acho que pensa: “o importante é ela estar cozinhando”. Daí eu falo sempre: “ fique tranqüilo que a comida está ficando uma delícia”. Nessa eu e ele ficamos de bem.
Mas teve esse outro dia, dia recente que as coisas se deram de maneira diferente.

Quer dizer, começou igualzinho. O telefone tocando eu tendo que sair zunindo pelo corredor. O pai estava sentado no sofá, do lado da cabeceira com o telefone, mas nem olhava pra ele. Parecia que o cara era surdo. Eu cheguei à tempo.
Era uma mulher, pediu diretamente pra falar com o patrão. Fiz o que ele sempre me manda. “quem está falando por favor?” Senhor é uma moça chamada Joana.
Na hora que ele ouviu o nome deu um salto do sofá e praticamente arrancou o telefone da minha mão.
Foi andando pro fundo da sala e abandando a mão como quem diz “já pode sair já...”
Homem é muito besta, quando quer esconder alguma coisa, deixa na cara que ta querendo mascarar uma besteira. Ao invés do sujeito fingir que está tudo normal e agir com tranquilidade ele diz assim: Com licença que estou lidando com um segredo aqui...obrigado.
Eu admito, não consegui resistir. Nenhuma das crianças ainda tinham chegado da escola e eu me mandei pro quarto da garota, o telefone, que ela também nunca atende, sobre a mesinha de estudo. Fiquei alguns segundos olhando pra ele, e ele retribuía, me chamava, me atraia. Sua luzinha verde piscando vem, vem, vem ... Aí eu fui! Tapei a boca pra não deixar escapar a respiração, ou uma possível surpresa...
- Joana, hoje não vai dar joana. Já te disse que a reunião com os estrangeiros é compromisso agendado. Do nosso negócio a gente trata amanhã...
- Promete que não vai furar ?
- É claro, a gente sai pra almoçar, hein, que tal?!
- naquele restaurante?
- sim, naquele...
Ai eu escutei os passos no corredor. A mínina abriu a porta.
- Maria! ... Já falei que não precisa arrumar minha mesa....eu preciso dessa bagunça aí. Poxa!
- O minha jovem, me desculpa ta...pode deixar que eu re- bagunço direitinho do jeito que você tinha arrumado.
- Também não precisa...vai lá que eu já estou sentindo a comida cheirar.
Olha o que uma fofoca faz....quase queimei o peru. Abri o forno e lá estava o palitinho vermelho praticamente pulando pra fora da carne.
Nesse dia servi o almoço com uma pulga intrás da orelha. Que será que essa dona Joana tem com o patrão. O assunto até que me enganou, mas a doçura das voz... hum não sei, não...
Pena que num deu pra ouvir o fim da conversa... Tenho que pedir pra dona moça instalar uma extensão no meu quartinho... Vou dizer a ela: “Fica mais ligeiro pra eu atender, senhora”

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

O sofrimento de uma filha rebelde

Meus amigos, acho que ainda não contei a vocês aonde estou trabalhando atualmente. È numa casa, ou melhor, num apartamento. Mas é um apartamento grande, bem grande mesmo, na cidade de Niterói. Mas não fiquem achando que estou de secretária de algum velho solteirão não, hein. Eu trabalho em casa de família, uma família típica, tradicional e muito boa.

Um pai, muito trabalhador, uma Mãe, mulher linda e super de bem com seu corpo. Uma filha, garota autêntica e de personalidade forte e um filho, garoto por demais inteligente. É claro que ninguém aqui é perfeito e, volta e meia, ocorre um ou outro fato curioso. Foi um destes, ocorrido nessa semana, que me motivou a escrever o post de hoje.

Na cozinha da casa eu terminava de aprontar de um empadão que preparava quando passou, zunindo por mim, a mãe. Trazia um sacolão plástico cheio de não sei o que dentro. Jogou a sacola na área de serviço e disse: - é lixo tá, Maria?! - Ta bem senhora, mas esse lixo é o que?! - Não é nada não, só umas roupas velhas... Mas vê se põe isso pra fora logo, por favor. - Pode deixar, dona. Assim que acabar com a comida eu dispenso a lixarada.

Quando pus o Empadão no forno fui fumar o meu cigarrinho escondida. Já estava como o isqueiro não mão quando ouvi a fechadura girando. Não deu cinco segundos e a filha, chegando da escola, passou na porta da cozinha. - Oi Maria, Bom dia. Escondi a mão atrás das costas. - Bom dia minina, Foi bem de escola? - sim, sim. Muito obrigada.
A garota foi pro interior da casa eu voltei pra área de serviço. Já ansiosa pra fazer uma fumacinha. Quando coloquei a cabeça pra fora da janela ouvi logo o grito. “ Nãããããoooooo!” Era a filha se esgoelando feito doida. Nisso a mãe entra na cozinha, vê a sacola ainda no chão da área e diz pra mim. - esconde esse saco, Maria, esconde.

Eu como sou empregada tenho que obedecer né?! Me tranquei no meu quartinho e resolvi abri a sacola. Enquanto isso podia ouvir o pega pra capar que acontecia na sala. “ caralho mãe! você é muito escrota, quero minhas camisas de volta!” e a Mãe dizia “Agora a Maria já jogou fora minha filha, não tem mais jeito. E vê se cobre logo esses seios garota. Para de ficar andando nua pela casa!”

Hahai. Daria tudo pra estar vendo a discussão na sala, devia estar fazendo até morto gargalhar. Eu sei que pelo menos eu ria pra diabo. Quer dizer, fiquei um pouco atribulada depois, pensando no que a mãe disse. Eu ainda não tinha jogado nada fora. Foi ai que comecei a olhar a blusas. Lá fora a discussão continuava. A filha dizia que ia se mandar de casa, e coisa e tal, coisa e tal. E eu pegando blusa por blusa no meu quartinho.

É bem verdade que as camisas eram feias, feias que dói. Todas pretas e com umas estampas de monstro cabeludo que mais pareciam a fotografia do chupa cabra. Agora eu tenho a obrigação de dizer, velhas as blusas não estavam, estavam em muito bom estado. Daí me deu uma peninha da minina. Ela brigando com mãe, desesperada por causa das blusas que ainda estavam bem ao alcance dela.

Fiquei com uma dor no peito que foi fruto de uma dúvida cruel. Será que eu saía e dizia a verdade pra minina? Ela ia ficar tão feliz. Já estava de pé quando pensei melhor. “ A dona Senhora vai ficar uma fera se eu fizer isso”. Aí lembrei que essas blusas dão a maior trabalheira pra limpar. Se eu lavar na maquina as estampa se desbotam, e se eu passar a ferro quente a estampa se derretem. Aquelas blusas eram ruim que só preu trabalhar. Daí não tive mais dúvida. Deixei a sacola escondidinha no meu quarto.

Quando for o fim de semana eu levo embora. Aí faço um bazar na praça perto lá de casa.
Quem quiser que apareça hein.
Vou vender baratinho.
Hahaí!
Beijoquinhas

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Como assim não perceberam que ele tava morto?!

Me falaram que seria legal comentar aqui sobre coisas que gosto, então vo falar de um filme que eu adoro. Ontem a noite assisti pela décima vez "O Sexto Sentido". Ganhei o dvd no meu último aniversário, a filha da dona "dedo na garganta" me deu.

Vocês sabem: domingo de noite, quem não quer ver um monte de velho discutindo futebol em mesa redonda tem que arrumar alguma coisa melhor pra assistir na tv! Então lá fui eu pra debaixo das colchas, do lado da minha foto do Wando (pra ele não ficar com ciúmes do Bruce) e dei o play no negócio.

Não sei porque gosto tanto desse filme, acho que pode ser pelo Bruce Wils talvez (ele tá muito bonitão de médico!!!) ou o garotinho fofucho... não sei. Mas é um filme bom, dá medo também. Quando aparecem aqueles fantasmas do nada... uhhhh!

Só não engulo de jeito nenhum uma coisa: como assim ninguém percebeu que ele tava morto? Não vem com essa que o final foi surpresa! O próprio Wils devia ter percebido... ninguém falava com ele!!!

Enfim, coisa "cabeça" desse tipo eu não entendo, e não faço questão de entender. Mas é confuso, porque mesmo assim adoro o filme, pode?!

Conclusão: Se alguém tá morto e ainda sim se comunica com garotinhos (ou tem papel importante em um filme)... alguma coisa tá errada!

domingo, 21 de setembro de 2008

Começando a trabalhar - Domingão é dia de folga!

Eu tava esperando a Van no ponto dum shop centrer quando uma moça, bem jovem e bonitinha me abordou. Pediu meu nome e telefone e disse que eu ia tá participando dum cuncurso. Na semana seguinte ligaram pra minha casa. Você ganhou um curso de informática de graça.

Disseram que eu podia escolher o horário e como o curso era em Copacabana aceitei a rotina de ir até ele 3 veses por semana na parte da noite. Foi fazendo esse curso, que durou 1 mês, que eu aprendi a mexer em computador, e acabei descobrindo que na Internet existe um troço chamado blog.

Quem está lendo o meu blog já sabe o que é um blog, por isso acho que não precisa da necessidade de explicar o que é um blog. O melhor mesmo é explicar sobre mim.

Sou doméstica, e vô dizer que me chamo Maria. Escolhi Maria porque Maria é um nome fácil , Maria é um nome típico de domésticas, Maria é o nome de muitas outras marias, que como eu, não necessariamente se chamam Maria. O que não qué dizer que com certeza eu não me chame Maria.

A verdade é que sou meia medrosa, e não sei se devo revelar minha identidade secreta aqui na Internet, nesse espaço em que todo mundo vê tudo de todo mundo. Até no tal de Orkut tô com medo de entrar. Como não pretendo falar só de mim nesse espaço acho melhor eu me reisguardar. Pode sujar pro meu lado né?!.

O que acontece é que nos últimos meses eu tenho sentido uma vontade muito grande de falar sobre mim, de falar sobre a minha vida, sobre o meu trabalho e sobre as pessoas que vivem cumigo.

Pode parecer que uma vida como a minha não tenha nenhuma graça, não tenha nada de interessante, não tenha nada de curioso. Mas eu acho que tem sim senhor, e eu quero fazer as pessoas perceberem que vida de doméstica também pode ser uma aventura que mereça ser lida com prazer nos subterfúgios do mundo virtual. (ficô bonito)

Ah, esqueci de dizer minha idade. Acho que isso eu posso dizer aqui. Se bem que eu não preciso dizer. Aliás, eu nem saberia dizer.

Bem, vou me despedindo por hoje, garantindo pra você que muitas histórias reveladoras, observadas por uma doméstica, serão contadas aqui.